Santiago, de João Moreira Salles

“Santiago” de João Moreira Salles – uma meditação sobre a memória

Recentemente, o filme “Santiago”, de João Moreira Salles foi adquirido pelo MOMA de Nova York, honra concedida a poucos, e ganhou mais um prêmio em Londres.

Aparentemente, “Santiago” é um documentário sobre o ex-mordomo dos Moreira Salles, um capricho de menino rico filmando um velho empregado.

Na verdade, “Santiago” é uma refinada meditação sobre o passado, e seu correlato, a memória, expressa quer seja nas lembranças afetivas pessoais, quer seja no registro formal dos documentos.

Em “Santiago”, o passado nos é apresentado em várias camadas superpostas – o passado de João Moreira Salles, tentando recordar a infância através do mordomo e suas lembranças; o passado pessoal do próprio Santiago, suas recordações sobre os parentes italianos e a imigração para a Argentina; o passado sedimentado na história de antigas dinastias e impérios que Santiago copia obsessivamente, tentando captar-lhes o sentido e o perdido esplendor. E há o passado recente do diretor, o intervalo de 11 anos entre as filmagens e a efetiva realização do filme, tempo que lhe possibilita uma reflexão sobre os objetivos que tinha na ocasião em que filmava e como os vê ao retomar os registros para finalizar a obra.

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