Jogo Subterrâneo

“Jogo Subterrâneo” (2005), o belo filme de Roberto Gervitz, recebeu indicação para o prêmio de Melhor Filme nos Festivais de Cartagena e de Mannheim-Heildelberg e no Festival de Havana venceu nas categorias de Melhor Edição e Trilha Sonora.

Baseado no conto “Manuscrito encontrado em um bolso”, de Julio Cortazar, conta a história de Martin, um homem que procura a mulher de sua vida através de um complicado ritual por ele inventado. Graças a esta artimanha, Martin se envolve com algumas mulheres. Uma delas é Tânia, uma tatuadora mãe de uma filha autista. Outra é Laura, uma cega a quem relata os progressos de sua busca, embora tratando-a como parte das aventuras de um personagem sobre o qual estaria escrevendo. É quando aparece Ana, que o faz romper completamente com os rituais de seu jogo.

A conduta de Martin ilustra com propriedade vários aspectos do comportamento obsessivo. O obsessivo, fixado ou regredido à fase anal do desenvolvimento da libido, não elabora de forma adequada seu complexo de Édipo. Está mergulhado na relação com a mãe, a quem ama e odeia intensamente. Se durante a própria fase oral já intuira que ela não fazia com ele uma unidade indivisível, pois muitas vezes ela estava longe e não lhe proporcionava imediatas gratificações em termos de alimentação (não lhe dava o desejado seio) ou cuidados gerais (não trocava suas fraldas, deixando-a com fezes e urina irritantes para sua pele), esta intuição adquire uma nova intensidade, provocando-lhe um abalo definitivo, ao perceber que ela tem desejos opostos ao dele, impondo-lhe o controle dos esfíncteres, afrontando diretamente sua onipotência e ferindo-lhe o narcisismo.

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