Num momento de crise econômica como o que vivemos, muitos buscam informações nas páginas de economia em jornais e revistas, visando preservar suas poupanças de danos maiores.
De modo geral, tais leituras são frustrantes.
Em primeiro lugar, porque o leitor percebe que as próprias autoridades não parecem muito seguras sobre o assunto. O que, aliás, não surpreende. Afinal, como é possível que uma crise de dimensões tamanhas possa ter ocorrido sem que as supostas autoridades não se apercebessem e tomassem as devidas providencias?
Por se expressarem através de estatísticas e números, os dados econômicos adquirem a aparência de ciência exata, fazendo-nos esquecer que a economia faz parte das ciências sociais, está mais próxima das humanidades, onde jogam um papel mais decisivo o desejo inconsciente, o pensamento mágico e onipotente, a louca voracidade pelo poder.
Em segundo lugar, o leitor não consegue entender o jargão usado, o economês incompreensível para os leigos, entremeado que é de cifras e números.
É verdade que cada campo do saber tem sua linguagem própria, que precisa ser traduzida, digamos assim, para a compreensão geral.
No caso da economia, a transparências da informação através de uma linguagem clara encontra ainda outros obstáculos. Num país como o nosso e no momento em que vivemos, a economia está tão intimamente atrelada à política que fica quase impossível discriminar um campo do outro. E o compromisso com a verdade por parte do discurso político é, para dizer o mínimo, muito tênue.
Não esqueçamos, entretanto, que a questão da linguagem é muito mais ampla. Com ela saímos da natureza e ingressamos no mundo simbólico, na cultura.
Através da linguagem nos comunicamos e, com sua forma escrita, registramos para as futuras gerações a historia e o conhecimento acumulado no correr do tempo.
Tudo estaria muito bem se a linguagem não mantivesse uma incontrolável ambigüidade, não acolhesse os duplos sentidos e com isso não se constituísse numa permanente fonte de mal-entendidos, mesmo quando aquele que a usa age de boa fé e pensa estar expressando aquilo que acredita ser a verdade.
Refletindo a dualidade intrínseca do ser humano, que tem permanentemente abertas à sua frente as trilhas do bem e do mal, a linguagem nos permite dizer a verdade e expressar amor, tanto quanto dizer a mentira e manifestar o ódio e a destrutividade.